Conto de fadas popularizado por Charles Perrault, em 1697
Tradução por Marlo George
Ilustração de George Frederic Watts
Há muito tempo vivia, em um vilarejo do interior, uma menininha. Era a mais bela criatura que jamais se viu. Sua mãe a amava muito e sua avó a adorava ainda mais. Ela havia feito para a neta um pequeno capuz vermelho, que caía tão bem na menina, que todos no vilarejo passaram a chamá-la Capuchinho Vermelho.
Um dia, sua mãe fez alguns bolinhos, e disse para a menina:
— Vá visitar sua avó, minha querida, para vê-la, pois soube que está muito doente. Leve um desses bolinhos para ela, e também este pote de manteiga.
Capuchinho Vermelho foi imediatamente visitar a avó, que vivia no vilarejo vizinho.
Como ela foi pela floresta, encontrou-se com um lobo, que teve a grande ideia de devorá-la, e só não ousou fazê-lo naquela hora, porque haviam alguns lenhadores trabalhando por ali. O lobo perguntou para a menina para onde ela estaria indo. A pobre criança, que não sabia o quão perigoso era conversar com um lobo, disse pra ele:
— Estou indo visitar minha vovó e estou levando pra ela um bolo, feito pela minha mãe, e um pote de manteiga.
— A sua avó — perguntou o lobo — mora muito longe?
— Oh, sim, — respondeu Capuchinho Vermelho — ela mora depois daquele moinho, na primeira casa do vilarejo.
— Bem, — disse o lobo — pois então irei visitá-la também. Eu vou por este caminho e você vai por aquele ali, e veremos quem chegará lá primeiro.
O lobo correu tão rápido quanto podia, pegando o caminho mais curto, enquanto a menina seguiu por um caminho mais longo, divertindo-se cotando nozes, correndo atrás de borboletas e juntando flores para fazer um bouquet. Não demorou muito até que o lobo chegasse à casa onde a velha mulher vivia. Na porta ele bateu: toque, toque.
— Quem está aí?
— Sua netinho, Capuchinho Vermelho, — respondeu o lobo, afinando a voz — Trouxe-lhe um pote de manteiga e um bolo que minha mãe fez.
A avó, que estava na cama, porque estava doente, disse: — Gire a maçaneta, que a porta se abrirá.
E assim foi, o lobo girou a maçaneta e a porta escancarou-se, e então ele partiu em direção à velha senhora e, faminto como estava, pois não comia nada já faziam três dias, a engoliu de uma vez só. Encostou a porta e se deitou na cama da velhota, esperando por Capuchinho Vermelho, que apareceu por lá alguns tempo depois, e batendo na porta: toque, toque.
— Quem está aí?
Capuchinho Vermelho, ao ouvir a voz grossa do lobo, ficou temerosa, pois achou que a avó tinha ficado resfriada e estava rouca.
— É sua netinha, Capuchinho vermelho, e estou trazendo um bolo e um pote de manteiga, que minha mãe pediu para te entregar.
O lobo então respondeu, afinando a voz o máximo que pode: — Gire a maçaneta, e a porta se abrirá.
Capuchinho Vermelho girou a maçaneta, e a porta escancarou-se.
O lobo, ao vê-la entrando, escondeu-se debaixo das cobertas:
— Coloque o bolo e o pequeno pote de manteiga sobre a mesa, e venha até aqui.
Capuchinho Vermelho tirou o capuz que usava e foi até a cama da avó. Ela ficou espantada ao ver a aparência da avó em sua camisola, e disse: — Vovó, que braços grandes você tem!
— São para abraçá-la melhor, minha querida.
— Vovó, que pernas grandes você tem!
— São boas para correr, minha netinha.
— Vovó, que orelhonas você tem!
— São para que eu ouça melhor, minha querida.
— Vovó, que olhos enormes você tem!
— São para enxergar melhor, minha netinha.
— Vovó, que dentes enormes você tem!
— São para melhor devorá-la.
E, dizendo isso, o lobo maldito pulou sobre Capuchinho Vermelho e a devorou.
FIM
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