Advertisement

Responsive Advertisement

O parto da Troll (Lenda Sueca)


Adaptação e tradução por Marlo George

No ano de 1660, quando eu e minha mulher fomos a minha fazenda, que fica a três quarteirões da prefeitura de Ragunda, comunidade sueca localizada no condado de Jämtland, e estávamos sentados por lá papeando, veio até nós, já a tardinha, um homenzinho que pediu para minha mulher ir ajudar a sua, uma vez que a pobre coitada estava em trabalho de parto e sentindo muitas dores. O camarada era bem pequeno, tinha pele escura e vestia roupas cinzentas e velhas.

Minha mulher e eu ficamos sentados por um instante, observando o homem, pois notamos que se tratava de um troll, e havíamos ouvido dizer que esse tipo espírito, chamado pelos aldeões de Vettar, costumam habitar fazendas quando as pessoas as abandonam em tempos de colheita. Porém, quando ele fez o pedido mais quatro ou cinco vezes, concordamos que às vezes o povo pode ser bastante injusto, especialmente os aldeões que invocavam que os Vettar deviam ir para o inferno, após terem sofrido ao fazer pactos com eles. Decidi então fazer algumas orações e, em nome de Deus, ordenei que minha mulher fosse com ele.

Ela vestiu uma roupa velha e seguiu o Troll, enquanto eu fiquei lá na fazenda, sentado esperando. Quando ela voltou, contou-me que assim que atravessou o portão com o homenzinho sentiu que foi carregada, por um tempo, pelo vento, e que logo depois se viu em um quarto, uma câmara escura na qual a mulher dele estava deitada em grande agonia. Minha mulher foi até ela e, servindo de parteira, viu que ela tinha bebês da mesma maneira que os humanos. Com o serviço feito, o homenzinho então ofereceu-lhe comida, mas quando ela a recusou, ele agradeceu-lhe e a acompanhou até a saída, e novamente minha esposa foi carregada pelo vento, chegando ao nosso portão exatamente às dez horas da noite.

No dia seguinte, enquanto arrumava a casa, minha mulher notou que uma boa quantidade de peças de prata fora colocada em nossa mesinha de centro, um suposto presente dos Vettar.

O que aconteceu é verdade, eu testemunhei e assino embaixo.

Ragunda, 12 de abril de 1671.

Pet. Rahm.


Fonte: Thomas Keightley, The Fairy Mythology, Illustrative of the Romance and Superstition of Various Countries (London: H. G. Bohn, 1850), pp. 122-23.

Ilustração: Theodor Kittelsen - O Troll Pensando sobre a sua Idade, 1911 (Domínio Público)

Postar um comentário

0 Comentários