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O Pescador e a Dama da Floresta (Lenda Sueca)


Adaptação: Marlo George
Ilustração: Theodor Kittelsen - 1892 (Domínio Público)

Na floresta de Tividen, Suécia, um menino estava pescando, mas não estava tendo muita sorte. Tantas vezes jogava a linha na água, tantas vezes o anzol voltava vazio. Já ia desistir quando, ao espiar a margem do rio de seu barquinho, viu que estava sendo observado por uma bela mulher que trazia nos cabelos loiros uma coroa de flores e estava vestida como uma camponesa. Ela a achou muito atraente, tanto que perdeu o fôlego. Encantado, não conseguia tirar os olhos da bela fêmea. Olhou-a tanto que acabou percebendo que ela tinha uma discreta cauda de raposa, saindo de sua saia.

– É uma Huldra – concluiu o garoto.

Já tinha ouvido algumas histórias sobre delas. Segundo contavam alguns aldeões de Närke, província onde morava, as Huldras eram criaturas da floresta que adoravam observar os fornos de carvão e iam todos os dias observá-los, sempre que os carvoeiros estavam trabalhando. Como são muito fortes e dotadas de poderes sobrenaturais, sua presença ajudava os carvoeiros a dormir sem temer serem roubados. Gratos por sua vigilância, eles sempre levavam presentes especiais para elas. Já na cidade vizinha, Askersund, todos demonizavam aquelas criaturas, afirmando que elas tinham o costume de atrair homens solteiros, encantando-os com cantos belos e levando-os para a floresta. Uma vez dominados, esses homens precisavam satisfazer a criatura, caso contrário eram mortos, mas aqueles que conseguiam voltar também tinham um destino maldito, contavam os askersundianos: Precisava casar-se com a Huldra dominadora. Só se livraria do casório caso visse um buraco que elas trazem nas costas, mas que escondem com seus cabelos dourados.

Em Gullspång, onde as pessoas também não eram amistosas com as Huldras, diziam que era uma má ideia tecer comentários sobre a cauda de raposa que elas escondem embaixo de suas saias volumosas.

Ele sentiu um pouco de medo. Como a Huldra já teria notado, ele não era um carvoeiro de Närke e por isso, talvez ela não fosse tão receptiva com ele como os aldeões lhe contaram. A ideia de casar com tão bela mulher não parecia-lhe tão ruim, mas ele considerava-se novo demais para noivar, ainda mais com um mulher que ele sequer conhecia, e que teria um buraco nas costas. Não sabia o que fazer, naquele momento. Estava encarando a moça, pensando em tudo que falavam de bom e ruim sobre as beldades de sua raça, que achou que seria deselegante virar-se e ir embora. O que acontecia com quem falava sobre o belo rabo das Huldras ele não sabia dizer, e nem estava disposto a descobrir por si mesmo, então, de forma polida, com muita cortesia e voz suave, não sem ousadia, disse-lhe:

– Milady, vejo que sua anágua está aparecendo por baixo de seu vestido.

A dama da floresta agradeceu-lhe e guardou sua cauda embaixo do vestido. Sugeriu que ele fosse pescar do outro lado do rio. Assim fez o garoto e a partir daquele momento, passou a ter muita sorte, pegando muitos peixes à cada investida. Esse foi um reconhecimento da Huldra, por seus bons modos. Se as Huldras são benévolas ou malignas, não sei, essa é a única estória que conheço sobre elas, para o meu próprio bem, espero.

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