Tradução: Marlo George
A CAPA BRANCA
Um menino e uma menina, quais os nomes não foram ditos neste conto, viviam perto de uma igreja. O menino era inclinado à maldade e tinha o hábito de tentar aterrorizar a menina de várias maneiras. Tanto que ela ficou tão acostumada com suas travessuras, que passou a não se preocupar com nada de estranho que ela via ou ouvia, achando que era mais uma maldade do menino.
Em um dia de lavagem de roupa, a menina foi mandada pela mãe a ir buscar a roupa lavada que estava estendida no cemitério. Quando sua cesta já estava quase cheia, ela olhou em volta e viu, sentada em uma tumba próxima, uma figura vestida de branco da cabeça aos pés, mas ela não ficou alarmada pois achou que era mais uma travessura do menino. Ela correu até a figura e puxou sua capa, dizendo, "Você não me assustará dessa vez."
Então, quando terminou de recolher a roupa, ela voltou pra casa. Mas, para seu espanto -- porque ele não poderia ter chegado antes dela, sem que ela não o visse -- o menino foi a primeira pessoa que encontrou, assim que ela entrou na cabana.
Entre as roupas, assim que procurou, havia uma capa branca, que não pertencia, aparentemente, à ninguém, e que estava suja de terra.
Na manhã seguinte o fantasma (porque foi um fantasma que a menina tinha visto) foi encontrado sentado, sem sua capa, na mesma tumba da tarde anterior. E como ninguém teve coragem de ir até ele, ou pelo menos sabia como se livrar dele, foram até a vila vizinha para obter conselhos.
Um velhaco declarou que a única maneira de se livrar de tal calamidade era a menina devolver a capa branca do fantasma, que o faça com muitas testemunhas que devem ficar em silêncio. Assim, uma multidão se apinhou no cemitério, e a menininha foi até o fantasma, temerosa, com a capa. Ela colocou a capa na cabeça do fantasma, e perguntou, "Está satisfeito agora?"
Mas o fantasma, levantando suas mãos, deu-lhe um golpe terrível, e perguntou, "Sim, mas e você? Está satisfeita?"
A menininha caiu morta, e no mesmo instante o fantasma afundou-se em sua cova, a mesma onde estava sentado, para nunca mais ser visto.
Fonte: Jón Arnason, Icelandic Legends, translated by George E. J. Powell and Eiríkur Magnússon (London: Richard Bentley, 1864), pp. 157-58.
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